Page 40 - revista Música na Educação Básica
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V. 4 N. 4 novembro de 2012
Em 2011, o portfólio contou com três depoimentos de renomadas educadoras mu-
sicais e instrumentistas: Shinobu Saito , que apresentou um breve histórico do método
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Suzuki no Brasil; Renata Pereira , que comentou sobre o uso da fauta doce no ensino das
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escolas regulares; Mary Waldo , que incentivou o estudo de fauta doce pelos alunos da
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educação infantil e das séries iniciais do ensino regular .
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Atividades de articulação
A técnica da fauta doce implica o desenvolvimento de três habilidades diferencia-
das. A primeira é a habilidade de coordenação dos dedos (dedilhado); esta é de todas a
mais fácil de aprender e ensinar. As outras duas, a habilidade de controlar o ar-sopro e
a da articulação (da língua), são mais complicadas de ensinar e aprender, uma vez que
são invisíveis. O trabalho de conhecer o bocal e fazer com que a língua obedeça aos
movimentos necessários para uma boa articulação pode ser realizado de forma lúdica
e prazerosa, utilizando-se a própria fauta ou objetos e materiais alternativos e criativos.
A articulação inicial é o trabalho com a sílaba TU staccato e, no decorrer do proces-
so, outras articulações vão sendo aprendidas por meio de experimentações, estudos e
comparações.
Por que escolher a sílaba TU no início do trabalho?
Na técnica de articulação da fauta doce, temos dois tipos de articulação:
simples e dupla. As simples são aquelas em que a língua faz um movimento
completo para apenas uma consoante, T, D e R. A dupla é a combinação
das consoantes simples T, D e R, mais duas guturais como K e G.
O T é uma articulação enfática, precisa e muito direta, pois a ponta da
língua está mais próxima do canal da fauta. Remonta aos primeiros méto- Ilustração: Juliane Raniro
dos de fauta doce utilizados no século XVII, tanto na Itália quanto na França.
De acordo com o estudo de Aguilar, além do contexto da obra musical como um
todo, que precisa ser considerado, a acústica do ambiente pode infuir na escolha da
articulação (Aguilar, 2008, p. 144). Portanto, como as turmas do ensino regular tendem
a ser numerosas e as salas de aula (e os locais de apresentação) nem sempre possuem
uma acústica ideal para as performances, a consoante T , por ser oclusiva dental (Agui-
lar, 2008), auxilia na interpretação das peças, resultando em um som mais claro e preciso.
* 5. Teacher Trainer Certifcate da Associação Suzuki Americana (SAA).
6. Doutoranda e Mestre em Música pela USP, fautista e professora suzuki de fauta doce.
7. Suzuki Recorder Teacher Trainer in North America and Latin America USA.
8. O portfólio audiovisual é parte da avaliação da aula de música; portanto, apenas os pais e alunos da escola têm acesso a ele, mas é pos-
sível assistir a um vídeo que mostra um resumo da implantação dos cadernos de música depois de várias apresentações e comunicações
em simpósios e congressos, inclusive da ABEM. Segue o link: http://www.maededeus.edu.br/ensino_fundamental_musica.aspx.
Flauta doce como instrumento artístico: uma experiência em sala de aula 39
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