Page 62 - revista Música na Educação Básica
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V. 4 N. 4 novembro de 2012
de formação docente. No entanto, após quinze anos da sua implantação, ainda existem
muitos empecilhos para a prática da educação musical na rede ofcial de ensino.
Em decorrência desta realidade e das reivindicações de setores educacionais, artís-
ticos e culturais, em 18 de agosto de 2008, entrou em vigor uma nova legislação a Lei
11.769/2008 , que alterou o artigo 26 da Lei 9.394/96, acrescentando, no parágrafo 6º: a
música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular
de que trata o § 2º deste artigo (Brasil, 2008). Além de dispor sobre a obrigatoriedade
da inclusão de conteúdos musicais na educação básica, esta lei estipulou o prazo de
três anos para que os sistemas de ensino se adaptassem a tal exigência legal. Este fato
gerou, já a partir do fnal do ano de 2011, uma demanda em potencial por professores
de música.
O panorama exposto está diretamente vinculado ao desempenho dos diversos cur-
sos de licenciatura em música no Brasil, cuja função é preparar os licenciandos para o
exercício da docência na educação básica. Nesse contexto, o presente artigo tem o obje-
tivo de contribuir com refexões sobre o assunto, bem como com sugestões e exemplos
de atividades vivenciadas em sala de aula para que a prática de conjunto instrumental
possa ter maior representatividade nos conteúdos dos cursos de formação docente e
nas escolas de ensino básico.
Possibilidades e desafios
Existem algumas possibilidades, mas também alguns desafos para a prática de con-
junto instrumental na educação básica. Tudo começa pelo próprio processo de forma-
ção docente, processo este que inclui competências desafadoras para a academia.
A falta de articulação entre as disciplinas teóricas e as práticas, ministradas respec-
tivamente no início e no fnal dos cursos de licenciatura em música, tem difcultado
o processo de formação docente para atender à crescente procura por professores de
música para a educação básica brasileira. Geralmente, os confitos dos licenciandos gi-
ram em torno da difculdade de aplicação das teorias aprendidas no início do curso nas
intervenções práticas que costumam ocorrer nos dois semestres fnais.
De acordo com a experiência docente desta autora, sobretudo na orientação de es-
tágio curricular em música, existe uma tendência por parte dos licenciandos em conhe-
cer os principais métodos de ensino, saber como elaborar planos de aula e planejamen-
tos de curso, transmitir noções teóricas sobre música (grave-agudo, curto-longo, nome
de notas, vida e obra dos compositores etc.). No entanto, nem sempre eles desenvolvem
as habilidades necessárias para trabalhar de forma prática e expressiva com a música e
seus elementos. Ao mesmo tempo, nem sempre exemplos musicais são utilizados em
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